A morte é sempre um tabu, e dificilmente as pessoas estão preparadas para lidar com isso, principalmente quando esta ocorre de forma repentina. Esse assunto, pode ser muitas vezes, delicado para as pessoas pois envolvem crenças, cultura, valores pessoais, grau de parentesco, entre outros que dificilmente não causam alguma desestabilização emocional, sendo que muitas delas graves.
Lidar com o luto é um processo singular, mesmo que a morte seja uma fase natural e faça parte de que todos passaremos por ela não significa que ela não cause sofrimento e impactos emocionais em quem está ficando. Quando falamos que o luto é singular isso nos orienta que cada um terá sua reação própria com ele, como por exemplo a intensidade e a duração. O contexto, a cultura as crenças de cada enlutado devem ser observadas. Isso significa que a morte não põe um ponto final, os enlutados podem necessitar de apoio de profissionais e intervenções que lhes ajudem a lidar com o sofrimento e o luto.
Dentro desse processo podemos citar algumas dificuldades enfrentadas pelos enlutados como: tristeza, sentimento de vazio, solidão, lembranças doloridas, mudança na rotina, falta de motivação para as atividades do dia a dia, problemas que envolvem crise na família e dificuldades financeiras também são vivenciados.
As perdas repentinas como as causadas pela COVID-19, por exemplo, fazem com que o processo de elaboração do luto seja mais complexo, a busca de uma justificativa racional para entender o que aconteceu passa a ser buscada, bem como os “porquês” e explicações para o fato e as culpas. Essas perdas repentinas podem causar lutos mais complicados e difíceis de lidar, podendo acarretar outras dificuldades como depressão e ansiedade nesse processo. Daí a importância do auxílio de profissionais aos enlutados para que juntos encontrem ferramentas para lidar melhor com a dor. Esse auxilio deve dar espaço para que esses pacientes possam ser autênticos com seus sentimentos e expressarem o que estão sentindo e serem acolhidos. A empatia deve ser estabelecida bem como o respeito ao tempo do enlutado deve ser observado. Lembrando que cada paciente é singular.
É comum que sociedade pressione para que os enlutados controlem esses sentimentos e que a manifestação deles é um sinal de fraqueza. Fazendo com que assim, as pessoas se sintam solitárias e camuflem seus sentimentos.
Se você está passando por isso, saiba que esse turbilhoes de emoções que está sentindo é normal dentro do processo do luto e que é necessário vivencia-los. O auxílio de profissionais deve ser pensado, para que se tenha um lugar onde você se sinta acolhido, sem julgamentos. O profissional deve desenvolver um lugar para um autoconhecimento do paciente e acolhimento desses sentimentos.
Caso conheça alguém que esteja passando por isso você também pode ajudar, muitas vezes só escutando o que ele tem a falar ou evitando dizer frases como: “não fique assim” “ não chore você tem que ser forte”, ajuda bastante, pois muitas vezes essas frases geram mais uma cobrança na pessoa e se sente pressionada a esconder esses sentimentos. E é claro, o incentive a buscar ajuda.
Bibliografia-
ACIOLE, Giovanni Gurgel; BERGAMO, Daniela Carvalho. Cuidado à família enlutada: uma ação pública necessária. Saúde debate, Rio de Janeiro , v. 43, n. 122, p. 805-818, Sept. 2019 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042019000300805&lng=en&nrm=iso>. access on 24 Mar. 2021. Epub Nov 25, 2019. https://doi.org/10.1590/0103-1104201912212.
BASSO, Lissia Ana; WAINER, Ricardo. Luto e perdas repentinas: contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 7, n. 1, p. 35-43, jun. 2011 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872011000100007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 24 mar. 2021
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